A equipe de comunicação do
PSTU Paraná inicia uma série de em entrevistas com seus candidatos nas Eleições
2014. Nesta oportunidade, entrevistamos nosso candidato ao senado, Evandro Castagna.
Comunicação.PSTU: Primeiramente, muito
obrigado por nos conceder esta entrevista. O objetivo é explorar a participação
do PSTU nessas eleições a partir do ponto de vista dos companheiros e
companheiras candidatos(as).
A
campanha eleitoral começou dia 06 de junho. De lá pra cá, quais são suas
impressões sobre essas eleições? Nas panfletagens, atividades e conversas com a
população, o que você acha que se destaca nessas eleições de 2014? Quais as
principais dificuldades da campanha?
Evandro
Castagna: Sem dúvida a
população está descontente e quer mudanças. Isso se apresentou no segundo
semestre de ano passado, naquelas manifestações gigantescas, nos “rolezinhos” e
nas greves do primeiro semestre deste ano. Existe uma revolta com o caos na
saúde pública, com a situação da educação, com os altos preços das tarifas, com
o valor e a superlotação do transporte público, com a falta de uma política de
habitação popular que realmente atenda o interesse dos trabalhadores e da
juventude da periferia, com os baixos salários e as péssimas condições de
trabalho.
Nossa
principal dificuldade é a ausência de democracia no processo eleitoral, tanto
em relação ao financiamento da campanha quanto à aparição de nossos candidatos e
propostas no rádio e TV. Nossos adversários do PT, PSDB, DEM, PCdoB e PSDB... Ou
seja, os partidos dos ricos, banqueiros, multinacionais, empreiteiras e grandes
fazendeiros, dispõe de milhões de reais pra campanha e grande espaço nos
veículos de comunicação. Infelizmente a grande imprensa esconde nossos
candidatos. Nossa campanha é modesta, mas temos muito orgulho dela. Assim como
devemos desconfiar das direções sindicais que dizem defender os trabalhadores e
pegam dinheiro do patrão, também precisamos desconfiar dos candidatos e
partidos que dizem defender os trabalhadores e são financiados pelos patrões
nas eleições. Apesar das dificuldades, é essa independência financeira que
garante nossa independência política: “quem paga a banda escolhe a música” e a
música que queremos dançar será tocada pela nossa classe, a classe operária que
produz toda a riqueza de nosso país.
Com.PSTU:Nestes
quase três meses de campanha, como foi o recebimento de sua candidatura nos
locais de campanha? Fale mais sobre estes locais e sobre as atividades
realizadas.
Evandro
Castagna: Nossa campanha
tem como foco apresentar um programa que atenda os interesses da classe
operária e juventude que mora na periferia. Estamos levando nosso material nos
bairros operários e nas portas das principais fábricas do estado. Esperamos
conseguir atingir as principais cidades de todas as regiões do Paraná e
caminhamos para isso. Nesse
sentido a independência financeira em relação aos grandes patrões é
importantíssima, pois teremos que nos enfrentar com eles pra garantir as
medidas que propomos, como: redução da Jornada de Trabalho para 36h/semanais (e
para os trabalhadores da saúde 30h) sem redução de salários; proibição do Banco
de Horas e de demissões imotivadas/estabilidade no emprego; para
garantir o Passe Livre Estudantil, o barateamento das passagens, melhores salários
e condições de trabalho a motoristas e cobradores, é preciso combater os
empresários que detém as concessões públicas, romper os contratos e estatizar o
transporte público; para dobrar os investimentos em educação e saúde temos que nos
enfrentar com os donos de hospitais e planos de saúde, com os “tubarões” do
ensino privado e os agiotas/banqueiros que detém os títulos da dívida pública;
temos que nos enfrentar com a bancada no senado dos “fundamentalistas machistas
e homofóbicos” para garantir a criminalização da homofobia e mais investimento
no combate à violência contra a mulher. Temos que ter um lado. Não dá pra
acender uma vela pra deus e outra pro diabo! Não dá pra fazer omeletes sem
quebrar os ovos.
Com.PSTU:
Como
você avalia as candidaturas do PSTU em relação as dos outros partidos? Qual tem
sido o diferencial?
Evandro
Castagna: O programa e o
financiamento de campanha é o principal diferencial. O grupo do PSDB e o DEM,
de Álvaro Dias, Alckmin, Beto Richa e companhia, são velhos conhecidos nossos,
responsáveis pelas privatizações e praças de pedágios dos anos 90. São
representantes legítimos dos ricos e milionários. O PMDB de Requião e Marcelo
Almeida é “farinha do mesmo saco”. Nem mesmo contra os pedágios Requião pode
falar, pois caminha ao lado com os donos de pedagiárias e empreiteiras. A CR
Almeida, cujo herdeiro é seu candidato ao senado, é dona de sete praças de
pedágio no Brasil sendo que duas são no Paraná, as mais caras por sinal. O PT e
o PCdoB de Dilma, Gleisi e Ricardo Gomyde, apesar desses partidos terem um
histórico de luta em nosso país e dirigirem importantes entidades sindicais,
estudantis e populares, governam para defender os interesses dos ricos e
milionários que financiam suas campanhas. Basta dar uma olhada no site do TRE e
verificar os financiadores de suas campanhas. O Governo Dilma, com Gleisi à
frente, barrou o processo de demarcação das terras indígenas e privatizou
estradas, ferrovias, aeroportos e hospitais. Aldo Rebelo, da direção nacional
do PCdoB, foi o garotinho de recados das multinacionais da FIFA que lucraram,
só em isenção de impostos, mais de um bilhão de reais.
O
PSOL, lamentavelmente, caminha para a mesma direção do PT. A candidatura de
Luciana Genro recebeu dinheiro de uma rede de supermercados (Zafari) e já havia
recebido cem mil reais da multinacional Gerdau nas eleições de 2012. Heloisa
Helena, uma das principais figuras públicas nacional do PSOL, troca abraços com
o PSDB e recebe apoio do PSB e DEM em Alagoas. Randolf Rodrigues e Clécio no
Amapá fazem alianças com partidos de direita como o DEM e o PTB. Esta relação
frouxa na disciplina interna do PSOL, em que as figuras públicas têm liberdade
pra fazerem o que querem, inclusive relações promíscuas com a burguesia,
pressiona o partido a adotar cada vez mais ideologias pós-modernas, abandonando
as categorias marxistas como “luta de classes”, apresentam uma campanha “do bem
contra o mal”, “gente é pra brilhar” e defendem “justiça para todos”. Capitulam
de forma oportunista ao sentimento apartidário expresso nas manifestações de
junho do ano passado e apresentam um programa que não se enfrenta nem com o
regime e muito menos com o lucro dos capitalistas. O reformismo clássico da
social-democracia alemã e do PT.
Nós
do PSTU defendemos um governo dos trabalhadores sem patrões e apresentamos um
programa de transição ao socialismo. Deixamos claro para os operários que nossas propostas só serão
efetivadas com o povo na rua, com luta popular, com greves e mobilizações da
classe operária e da juventude da periferia. Não alimentamos nenhuma ilusão e confiança
neste processo eleitoral antidemocrático e seus partidos financiados por
banqueiros, latifundiários, redes de supermercados e multinacionais. Nós, trabalhadores,
só poderemos contar com nossas próprias forças. Só a luta e a organização da
classe trabalhadora mudará a vida. Construir e fortalecer o PSTU no processo
eleitoral é um importante passo para isso em nosso país. Por isso, para além do
voto e do apoio nas eleições, convidamos os trabalhadores para conhecerem nosso
partido e se somarem em nossas fileiras.